Falar sobre o
Deep Purple é fácil ainda mais quando se trata dos álbuns clássicos e quem é fã
de carteirinha já deve estar farto de ouvir falar sempre dos mesmo, do que é
óbvio. O fato é que eles tiveram
várias formações e a discografia é extensa de verdade. O que me interessa nesse
post novo é rever os discos gravados de 1990 em diante e ouvindo escolhi cinco
álbuns que considero os melhores desde de 1993. Álbuns pelos quais quem ainda não conhece e quer começar a ouvir pode iniciar-se no fantástico universo dos Purples.
O Deep Purple
foi uma das poucas bandas que soube envelhecer e se adaptar as limitações que a
idade impõe e achou um bom caminho por onde trilha sem soar ultrapassado
mantendo a dignidade e a relevância de outros tempos. Os álbuns escolhidos são
o reflexo dos novos tempos e a prova final de que eles ainda têm muito para
oferecer aos seus ouvintes. São quase 50 anos de existência que abrangem desde
o psicodélico até o hard rock e de forma única e brilhante fruto de um caminho
seguido bravamente por linhas tortas.
The Battle Rage
On (1993)
Em
1990 com o vocalista Joe Lynn Turner, cantor de rock farofa, o Deep Purple
lançou o tenebroso Slaves and Master que merece estar na lata do lixo. As
coisas não deram certo e o jeito era retornar com a formação clássica já que se
tratava dos anos 90 e naqueles dias o lance eram os festejados e desejados
retornos dos gigantes da década de 1970. A rivalidade de Blackmore e Gillan
momentaneamente havia sido apaziguada e as coisas seguiram normalmente e a expectativa
sobre esse retorno eram grandes. O disco foi lançado e os frutos colhidos foram
bons, o velho e revigorado Deep Purple estava lá com toda a sua magia. Os
singles Anya, One Man’s Meet, Time to Kill e Nasty Piece of Work resumem a
perfeição dos britânicos nessa nova caminhada.
Purpendicular (1996)
O
que parecia ser tranquilo e estar em perfeita ordem desandou e novamente as
diferenças entre Blackmore e Gillan falaram mais alto e dessa vez novamente se
mostraram irreconciliáveis, mas quem saiu foi o guitarrista e para o seu lugar
foi contratado Steve Morse (ex-Dixie Drags) um cara que veio do jazz e com
feeling completamente diferente de seu antecessor, a escolha foi acertada e
teste veio com Purplendicular, um dos melhores álbuns já gravados por eles, o
início de uma fase que já ultrapassou duas décadas. A sonoridade foi alterada incorporando
elementos do jazz, mas a base hard rock foi mantida e remetia aos tempos
dourados só que com os pés na realidade da década em questão e as faixas
Vavoom: Ted the Mechanic e Hey Cisco mais o single Sometimes I Feel Like
Screaming são cartão de visitas para a nova onda da púrpura que ainda se mantinha
profunda.
Bananas (2003)
Em
1998, o Deep Purple pegava pesado em Abandon e o jazz saia pelos poros dos
instrumentos e dos músicos e também anunciava a despedida de Jon Lord e para o
seu lugar foi chamado Don Airey, outro ás do instrumento. O século XXI começpu
cheio de promessas de uma vida melhor, mas os atentados as torres gêmeas
disseram o contrário e os britânicos por sua vez entenderam que era hora de
fazer algo diferente e vieram com este disco abrindo de cara House of Pain com
Gillan voltando aos seus agudos como nos tempos de Machine Head assim como
todas as faixas que surpreendem e fazem de Bananas uma celebração da boa música
e do talento de uma banda que sempre soube se manter eficiente e poderosa no
cenário e faixa como Sun Goes Down, Razzle Dazzle, Walk One falam por si sobre
o que é rock frente aos “limites” da criatividade.
Raptures
of the Deep (2005)
Um
disco generoso e forte que os leva a navegar em águas cada vez mais profundas e
bem mais cerebrais. Decerto modo indulgente e cheio de malícia, os músicos aqui
testam suas habilidades tentando abrir novas possibilidades e juntar talentos
visando uma síntese para o futuro ao mesclar o rock e o jazz, enfim, havia
muita lenha a ser queimada e novos caminhos a serem percorridos mesmo com a
velha camisa já surrada que anda sozinha metido dentro das bots gastas de
andarem quilômetros a fio. Aqui está um dos grandes materiais ainda que mais
homeopático ele aponta caminhos que seriam alcançados no futuro e que indicam
uma linha definitiva a ser seguida, puxada e que nunca se rompe. Era o
admirável novo e velho Deep Purple segurando a tocha na escuridão fazendo as
vezes de um farol que está lá e recusa-se ser apagado.
Now
What?! (2013)
Depois
de 8 anos o Deep Purple que chegou a ameaçar se aposentar retorna e nesse tempo
sobrevêm o falecimento de John Lord, a cabeça dos caras é afetada pela perda de
um grande companheiro e também de um grande músico que revolucionou o
instrumento transformando-o numa espécie de segunda guitarra. Agora o que
fazer? Sim... uma homenagem! Só que esta homenagem também se estende a boa
música que aposta no jazz e nas melodias e faz um contraponto com o Perfect
Strangers (1984) e com os anos 70 também, ou seja, o Deep Purple colocou-se
numa excelente posição daquele cara já coroa que ainda manda bem no campinho de
futebol porque a experiência dos anos que foram ali acumuladas o permite achar
os atalhos corretos e ele ainda marca aqueles golaços é esse o mérito
desse disco que permitiu-lhe estar nas listas de melhores do ano.
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