Em 1982, o
Iron Maiden começa uma nova de sua ascendente carreira, pois o passado recente
com os álbuns Iron Maiden (1980) e Killers (1981) seria suplantado com The
Numbers of the Beast, que marca a entrada de Bruce Dickinson. A estreia foi bem
sucedida com um lançamento clássico, histórico cujas oito faixas são hits.
Porém, o ano posterior, 1983, seria também produtivo e ajudaria a consolidar de
uma vez por todas a presença de Bruce, em definitivo no posto que antes era
ocupado por outro mestre, Paul D’ianno.
O som do
quinteto evoluía de um álbum para outro, Steve Harris era um cara que sabia
aonde queria chegar. Sonoridade primeiramente influenciada pelo punk, mas com
uma dupla de guitarras gêmeas dotadas de talento inigualável, ou seja, virtuose
pura é o que se pode sentir de qualquer álbum desse período. O instrumental de
velha escola como o baixo pulsante e a bateria certeira e também virtuosa fazem
do Iron Maiden uma banda única dentro do jogo do metal.
Talvez não
seria possível chegar nesse nível de excelência sem os músicos que Steve Harris
reuniu ao seu redor. Adrian Smith e Dave Murray formam uma das ou talvez a
maior das duplas de guitarrista de heavy metal, solos complexos e riffs
matadores marcam todas as composições todas muito bem trabalhadas, esbanjando a
qualidade de ambos em todos os momentos de todas as faixas. As influências não
enganam, pois vão especialmente do progressivo de bandas como Nektar e Wishbone
Ash e rola até um flerte com o Black Sabbath, mas devemos, nos lembrar, que são
apenas modelos usados para Steve Harris esculpir sua obra prima.
Com a chegada
de Piece of Mind, um disco “diferente”, ou seja, mais pesado e assim como os
anteriores e especialmente se comparado a seu antecessor nada deve a ele, porém
deve-se ressaltar a sonoridade que aparecia mais pesada, mais agressiva e mais
melódica, ou seja, houve nítida evolução no som dos caras. Riffs e solos
marcantes assim como o baixo e a bateria e o vocal produziram linhas marcantes,
que definiram o estilo de compôr, a sua sonoridade, ou seja, finalizaram a
construção da identidade da donzela de ferro.
Piece of
Mind era um novo clássico recém-saído do forno repleto de diferenciais, que
marcam a entrada de Nicko McBrain no lugar de Clive Burr, e assim como o
vocalista já chegou marcando presença lançando este clássico álbum. As
composições contaram não só com Harris, mas com Adrian Smith e Bruce Dickinson,
que não teve como ajudar em The Number of the Beast por chegar ao time
demasiadamente tarde para colaborar com qualquer ideia por mínima que fosse. Isto
não foi um problema na época, mas quando você coloca Piece of Mind para rodar
logo de cara tem a impressão de que tanto este quanto o outros tem o mesmo
número de hits.
“When Eagles
Dare” abre as sessões de Piece of Mind mostrando porque o Iron Maiden era tão
irresistível. O destaque fica na conta de Bruce Dickinson, o cara deixa linhas
melódicas e um tom alto de voz, pesado, ou seja, uma característica definitiva
que caracterizou o som, as guitarras também recebem os créditos, Dave e Adrian
solam a todo o momento. Nicko McBrain e suas quebradeiras são matadoras e fora
o baixando pululante e veloz de Steve Harris que não dá trégua e se completa
com o baterista. Aqui as letras também amadurecem, o tema é a segunda grande
guerra, a estória cá narrada é sobre um ataque a uma base nazista.
A segunda
faixa, “Revelations” é outro hit, um hino, do quinteto. O som é mais
cadenciado, porém não é menos pesado, veloz em alguns momentos, mas se mantém o
clima soturno. Essa é a primeira contribuição de Bruce Dickinson para a banda,
o cara conta canta a plenos pulmões colocando nela sua marca registrada, a
emoção e a potência de seus vocais. “Flight Of Icarus” tem um dos melhores
refrões já vistos no heavy metal, e um forte apelo emocional e dessa maneira é
impossível não tê-la na cabeça. Estrutura complexa de guitarras com riffs e
principalmente solos bem elaborados desfilando virtuose marcam essa faixa assim
como o Nicko McBrain e Steve Harris se destacam nas suas posições, porém o
líder provou ser um exímio compositor.
A segunda
metade de Piece of Mind mantém a excelência, “Still Life” após a mensagem
invertida entra-se num clima ameno, ou seja, “mais leve” em relação às
anteriores, mas o padrão de qualidade Iron Maiden alterna esses momentos com
outros mais pesados fazendo a música explodir nos refrões grudentos uma
característica marcante desse disco. Fora que ainda rola uma pegada nas ondas
do progressivo que é a maior influência de toda a discografia até aqui vide a
estrutura das composições, o alto nível não só de qualidade mas também
estrutural que é altamente complexo. “Quest for Life” é uma faixa incrível por
mais que digam que ela é sem sal e, portanto, desinteressante. Bruce Dickinson
vai lá nas alturas arregaçando tudo, o cara bota melodia, emoção nas suas
interpretações e isso explica por que ele é o cara do Iron Maiden. O ritmo da
música é mais cadenciado, porém ainda assim é maravilhoso mas também com Adrian
Smith e Dave Murray não tem como ser diferente.
Ao ouvir “Sun
and Still” fica nítido porque uma banda consegue tão sedutora através de tantas
melodias, refrões explosivos, guitarras ultra complexas, baixo matador e
bateria cheia de viradas e quebradas. O som rápido dessa faixa contém todas essas
características elevadas à enésima potência. A exemplo de The Number of the
Beast que encerrava com a épica “Hallowed Be Thy Name”, o Iron Maiden dessa vez
apostou na mesma fórmula, mas com roupagem sonora diferente, mas mais bem
trabalhada, ou seja, toda a técnica e feeling são vistos por aqui através dos
riffs, solos das linhas do baixo a da bateria e todas as quebradas e viradas
incessantes que a percorrem toda.
Com esse
pacote, o Iron Maiden oferecia aos seus fãs mais do que um simples álbum de
heavy metal, ou seja, Piece of Mind trazia no seu bojo múltiplos caminhos e
todos eles são infinitos, pois cada faixa tem vida própria e através de suas peculiaridades
mostra uma face literária, poética que encontramos nos temas bíblicos e de
fantasia narrados em “Revelations” e “To Tame a Land” e nas demais faixas
também temos temas interessantes que por si só denotam a evolução não apenas
sonora, mas também lírica que é tão importante quando a música já que nada
adianta apresentar algo único, original que rompe galáxias cantando mensagens
fracas, mastodônticas e podem queimar uma banda.
Foi assim
que o Iron Maiden continuou pavimentado sua estrada, e de clássico em clássico
foi mostrando maturidade e evolução singulares transformando-se em mais um dos gigantes que caminharam
sobre o globo rasgando os céus azuis para além da Inglaterra e Europa mostrando
o que o heavy metal poderia fazer e o que ainda tinha por fazer, mas
primeiramente era necessário roubar um pedaço da sua mente e ao invés de lhe
dar paz de espírito era necessário injetar adrenalina e causar muita agitação
para prepara-los para o terremoto, avalanche que o futuro reservava.
Lista de músicas:
01 - Where Eagles Dare
01 - Where Eagles Dare
02 - Revelations
03 - Flight of Icarus
04 - Die With Your Boots On
05 - The Trooper
06 - Still Life
07 - Quest for Fire
08 - Sun and Steel
09 - To Tame
a Land
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