Ao contrario do que se pensa a
Alemanha não é somente a terra do Scorpions e do Accept, o país dos germânicos sempre
foi um celeiro de bandas. Nos anos de 1970, outras bandas como Eloy, o Lucifer’s
Friend entre várias outras faziam um som mais do que atraente, pesado como
mandava o figurino. Nos anos de 1980, a coisa explodiu por lá e tantas outras
bandas com personalidade própria surgiram como o Cutty Sark, Killing Death,
Running Wild e muitas outras que faziam frente aos medalhões de lá.
Só que havia algo ainda inédito por
aquelas terras a ser descoberto. O thrash metal nos EUA já era uma realidade
através de Slayer e Metallica, os pioneiros, líderes desse novo “gênero”. O
Metallica começou tudo com Kill ‘Em All, em 1983, mas foi seguido de perto pelo
Slayer que logo em seguida lançou Show no Mercy, mas o Metallica estava em
franca evolução musical e em 1984 soltou Ride the Lightining um grande passo a
frente. As influências de ambos se faria sentir na Europa, na Alemanha,
principalmente, pois da lá também vieram as grandes bandas do gênero que
fizeram frente aos americanos.
O primeiro passo dado pelo Destruction
foi com o mini álbum Sentence of Death, em 1984. As cinco faixas eram
arrasadoras tamanha a brutalidade, o power trio formado pelo guitarrista Mike,
pelo baixista Schirmer e pelo baterista Tommy moldou de cara o som do
Destruction. Quando você coloca Sentence of Death e passa a introdução já de
cara com a insanidade promovida por Total Disaster, um hit, ou seja, um hino da
banda e fora a sonoridade que comprova por “A” mais “B” que não limites para o
heavy metal que se fundiu perfeitamente com o hardcore dando origem a um som
pesado, rápido e extremamente agressivo. Além da desta faixa ainda temos outro
hit deste pequeno gigante “Mad Butcher” que se tornou de primeira hora outro
grande clássico cuja sonoridade não era menos brutal e aterradora quanto à
abertura.
Temas "satânicos" também estavam na
pauta e apareceram em “Black Mass” e “Devil’s Soldiers”, o Destruction se
colocava no cenário com grande êxito, pois devemos considerar que os seus contemporâneos
como o Venom que estava no seu auge havia no ano anterior lançado At War With
Satan, enquanto o Bathory estreava com o primeiro disco auto-intitulado e o
Hellhammer havia lançado Apocaliptic Raids e depois transformou-se no Celtic
Frost e atacou com Morbid Tales e Emperor’s no Retun, ou seja, esse trio já
havia conjurados os demônios e nas profundezas preparavam algo muito mais
sombrio que seria mais tarde concebido como Death Metal e Black Metal também,
ou seja, eram as bases para o que o Mayhem e muitas outras bandas da Noruega
fariam no começo da década de 1990.
O ano de 1985 ainda guardava muitas
surpresas e, talvez, tenha sido o ano mais prolifico do gênero em toda a sua trajetória
na década. O Venom partia para Possessed, o seu último êxito em estúdio antes
de descer a ladeira e vera formação original se desmanchar, o Celtic Frost
chegava ao seu auge dando um grande passo a frente com To Mega Therion entrando
de vez para o panteão do metal, o Bathory seguia a passos largos o mesmo caminho,
pois com The Return mostrou grande evolução baseada na agressividade, na obscuridade
de sua sonoridade. Enquanto para o Metallica era um ano de recesso, pois não
havia gravado nada e seguiam firmes e forte na promoção de Ride the Lightning,
o Slayer voltava à carga com o poderoso Hell Awaits já com os dois pés dentro
do thrash metal, ou seja, a evolução do power metal pesado havia completado a
sua transição, mas liricamente continuava do mesmo jeito que começou.
Já na Alemanha, em 1985, o Kreator
estreava com Endless Pain, um clássico do thrash metal que os colocava em pé de
igualdade tanto com o Slayer quanto com o Metallica ou com o Anthrax, que
lançava naquele momento Spreading the Disease e se você quiser pode colocar
nessa lista o Exodus e o Possessed ambos estreantes, mas o último estava na
mesma linha de Venom, Celtic Frost e Bathory, ou seja, era a resposta à americana
aos europeus. Já o Destruction, que apesar de não ser mais um mero estreante
estava a caminho de lançar o primeiro álbum full-lenght, os trabalhos rolaram
no Caet Studios, em Berlin, Alemanha. Infernal Overkill aterrou nas lojas em 24
de maio de 1985.
O Destruction seguiu em Infernal
Overkill e mesma linha de Sentence of Death, mas o nível das composições
mostravam maior evolução se enquadrando dentro do thrash metal. A insanidade e
a brutalidade foram levados a níveis ainda mais altos, pois o som ainda estava
carregado de letras que tratam de ocultismo, mas nada de culto e sim de criticas
a igreja, o sistema político, os alvos preferidos. O disco vem carregado de hits, que marcaram a
história do grupo. A abertura fica a cargo de “Invencible Force” cuja bateria
insanamente veloz vai abrindo o caminho para riffs pesados que contrastam com a
voz rasgada de Schirmer que vai martelando o seu baixo impiedosamente. “Death
Trap” é o thrash correria totalmente avassalador com sua velocidade titânica é
difícil pinçar alguém para destacar, mas cabe destacar a instrumental da música
que apesar de ser veloz, agressiva apresenta momentos levemente cadenciados com
as quebradeiras de bateria que atravessam a faixa dizendo o ritmo ensurdecedor,
mas os solos de Mike também são matadores, selvagens.
Não dá para afirmar se a música é ou
não uma ciência, mas através dela durante os milênios e séculos os homens
expressaram seus mais variados sentimentos, e na Alemanha dos anos de 1980 e do
mundo propriamente dito devido a bipolaridade política trazida pela guerra fria
pela ameaça iminente de uma guerra nuclear entre comunistas e capitalistas
faziam pairar o medo, a incerteza sobre o futuro da vida na terra e, portanto,
não é de se admirar composições agressivas que desnudavam o mundo como ele
realmente era, ou seja, coloca-se todas as frustrações com as instituições que
se furtaram aos seus papéis, responsabilidade social, os políticos enfurnados
nos seus palacetes atrás de seus interesses escusos, a religião longe de
cumprir com a sua função social, o Black Sabbath em Paranoid já cantava as
tristezas e as desgraças do mundo de forma sombria, mas aqui o Destruction e
todos os seus contemporâneos levaram as suas insatisfações as últimas
consequência no som, no visual e nas suas posturas.
O Destruction continuaria a sua saga,
em 1986, com Eternal Devastation levando o nível de suas composições a
patamares ainda mais altos, mas com Infernal Overkill, eles mostraram que a
Alemanha também tinha bandas a altura dos norte americanos e poderiam brigar em
igualdade em todos os quesitos. Aqui está a prova do espírito guerreiro dos
alemães que sempre souberam fazer música com originalidade e qualidade
supremos, brutais, totalmente irresistível que promoveria uma invasão bestial
além das fronteiras de sua terra natal para colonizar os ouvidos, as mentes e
os corações de outras nações sedentas pela poesia lírica e sonora declamada de
seus instrumentos, que em suas fábricas forjavam os elos de suas correntes e
grilhões que expressavam e professavam não apenas um gênero, mas muito mais do
que isso estava em curso, ou seja, era o nascimento de uma comunidade poderosa
que tinha no neles um de seus xamãs.
Lista de músicas:
01 Invencible Force
02 Death Trap
03 The Ritual
04 Tormentor
05 Bestial Invasion
06 Thrash Attack
07 Antichrist
08 Black Death
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