O livro Formação do Brasil
Contemporâneo foi publicado pela primeira vez em 1942, a obra de Caio Prado Júnior
completa uma trinca com os seus antecessores Raízes do Brasil (1932), de Sérgio
Buarque de Holanda, e Casa Grande & Senzala (1936) de Gilberto Freyre que
se dedicam a buscar uma explicação, interpretação para o Brasil daqueles dias.
Com Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda ao lado de Gilberto Freyre com
Casa Grande & Senzala, mas o segundo além de oferecer uma explicação
cultural ofereceu as bases para a sociologia brasileira. A diferença de Caio
Prado Júnior é que ele se escora no marxismo, ou seja, no materialismo histórico
de Marx, ou seja, é a primeira, é a que abre o caminho do materialismo como
fonte para explicação, interpretação da história brasileira fato que representa
uma grande mudança.
Caio Prado Júnior usa o materialismo
histórico com a mesma finalidade que Karl Marx, e na sua obra ele diz que as
condições matérias são as bases da existência humana e de qualquer sociedade e,
portanto, é anterior aos aspectos políticos, econômicos, social, pois através
das relações materiais é que estes se determinam e influenciam a religião, a
arte, o direito, enfim todo relacionamento social e cultural e permitem
explicar o surgimento de qualquer sociedade inclusive a brasileira. Ao
contrário dos outros Caio Prado Júnior centra a economia, ou seja, a
organização econômica como o centro da formação do Brasil e daí surge a sua
teoria para explicar o país.
Portanto, não é segredo e nem surpresa
que a obra, ou seja, o seu recorte é o período colonial que condiz com o título
que se situa dentro das intenções da obra. A explicação dele é a seguinte: a
formação colonial explica o presente devido à continuidade de aspectos coloniais
que marcam profundamente a sociedade brasileira ainda hoje, ou seja, a questão
do senhor escravo, que se revela nas condições trabalhistas entre patrão e
funcionários, o capitalismo, ou seja, a globalização e a estratificação em
classes sociais completamente desiguais. Através dessa explicação passado
presente poderíamos entender todas as outras mazelas do cotidiano e mais uma
vez a desigualdade social, o atraso tecnológico, econômico, a educação, a saúde
e tudo o que nos diz quem somos.
Formação do Brasil Contemporânea é
uma autentica obra marxista e como tal se distancia daqueles que olham o Brasil
pela lente da cultura e dão ênfase na miscigenação racial índios, negros e
brancos, sentando-se em cima dos fatores econômicos para explicar as tensões
sociais decorrentes da exploração econômica do burguês sobre o proletário. Ele
diz que é no século XIX que se encontra os pontos que definem a formação do
Brasil contemporâneo devido aos acontecimentos cujo principal é a independência
que põe termo ao período colonial e posteriormente a abolição da escravidão e
em seguida o fim do império devido a chega da República, ou seja, é daí que ele
coloca a sua explicação para mostrar que através desse longo e complexo
processo histórico que é se dá origem ao Brasil de hoje.
O Sentido da Colonização é o capítulo
mais importante da obra, pois é aqui onde ele de cara já diz a que veio, ou
seja, o sentido da colonização e do Brasil enquanto país que se formou nesse
processo histórico surgiu com a finalidade de comércio com o norte, mas antes
de chegar até esse ponto ele descreve as demais colonizações através do
contexto político e religioso e demográfico que, inclusive, como é bem sabido
foi à mola propulsora para a colonização da América do Norte, cujas bases não
foram apenas de exploração e, sim, de fixação onde primeiramente ensaiou-se a
mão de obra branca e posteriormente à escrava, ao contrário da nossa que já
começou com a mão de obra escrava indígena e, posteriormente, a africana, e no
grande latifúndio de terras, cujos produtos extraídos eram destinados ao
comércio europeu para bastar-lhes as necessidades e outras demandas.
O livro não se resume apenas a essa
teoria para explicar o Brasil, além dessa parte que engloba introdução e o
sentido da colonização ainda tem o povoamento, aqui ele explica o processo de
ocupação do litoral e posterior ocupação do sertão (interior), da composição
racial, na terceira parte Vida Material ele discorre sobre a economia,
agricultura, mineração, pecuária entre outros que é parte central do livro e
termina com Vida Social onde fala-se da organização política e administrativa e
da vida social e também é parte importante.
Formação do Brasil Contemporâneo é um
obra clássica, mas não é mais suficiente para entender o Brasil, pois a
explicação de Caio Prado Junior já não se sustenta, pois a colonização não é e
nem nunca foi à explicação definitiva para os problemas que o Brasil enfrenta
hoje e esse já é um assunto superado pela academia de história, mas de toda a
forma o livro ainda é importante para algumas coisas que ele traz e que se
encaixam ainda no estudo de história do Brasil e por marcar o
início de uma historiografia brasileira que se distancia de uma visão errônea preconizada anteriormente que via o Brasil dentro do
espectro do feudalismo fato que nada tem haver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário