domingo, 22 de novembro de 2015

Livro: Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr.


O livro Formação do Brasil Contemporâneo foi publicado pela primeira vez em 1942, a obra de Caio Prado Júnior completa uma trinca com os seus antecessores Raízes do Brasil (1932), de Sérgio Buarque de Holanda, e Casa Grande & Senzala (1936) de Gilberto Freyre que se dedicam a buscar uma explicação, interpretação para o Brasil daqueles dias. Com Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda ao lado de Gilberto Freyre com Casa Grande & Senzala, mas o segundo além de oferecer uma explicação cultural ofereceu as bases para a sociologia brasileira. A diferença de Caio Prado Júnior é que ele se escora no marxismo, ou seja, no materialismo histórico de Marx, ou seja, é a primeira, é a que abre o caminho do materialismo como fonte para explicação, interpretação da história brasileira fato que representa uma grande mudança.



Caio Prado Júnior usa o materialismo histórico com a mesma finalidade que Karl Marx, e na sua obra ele diz que as condições matérias são as bases da existência humana e de qualquer sociedade e, portanto, é anterior aos aspectos políticos, econômicos, social, pois através das relações materiais é que estes se determinam e influenciam a religião, a arte, o direito, enfim todo relacionamento social e cultural e permitem explicar o surgimento de qualquer sociedade inclusive a brasileira. Ao contrário dos outros Caio Prado Júnior centra a economia, ou seja, a organização econômica como o centro da formação do Brasil e daí surge a sua teoria para explicar o país.

Portanto, não é segredo e nem surpresa que a obra, ou seja, o seu recorte é o período colonial que condiz com o título que se situa dentro das intenções da obra. A explicação dele é a seguinte: a formação colonial explica o presente devido à continuidade de aspectos coloniais que marcam profundamente a sociedade brasileira ainda hoje, ou seja, a questão do senhor escravo, que se revela nas condições trabalhistas entre patrão e funcionários, o capitalismo, ou seja, a globalização e a estratificação em classes sociais completamente desiguais. Através dessa explicação passado presente poderíamos entender todas as outras mazelas do cotidiano e mais uma vez a desigualdade social, o atraso tecnológico, econômico, a educação, a saúde e tudo o que nos diz quem somos.

Formação do Brasil Contemporânea é uma autentica obra marxista e como tal se distancia daqueles que olham o Brasil pela lente da cultura e dão ênfase na miscigenação racial índios, negros e brancos, sentando-se em cima dos fatores econômicos para explicar as tensões sociais decorrentes da exploração econômica do burguês sobre o proletário. Ele diz que é no século XIX que se encontra os pontos que definem a formação do Brasil contemporâneo devido aos acontecimentos cujo principal é a independência que põe termo ao período colonial e posteriormente a abolição da escravidão e em seguida o fim do império devido a chega da República, ou seja, é daí que ele coloca a sua explicação para mostrar que através desse longo e complexo processo histórico que é se dá origem ao Brasil de hoje.

O Sentido da Colonização é o capítulo mais importante da obra, pois é aqui onde ele de cara já diz a que veio, ou seja, o sentido da colonização e do Brasil enquanto país que se formou nesse processo histórico surgiu com a finalidade de comércio com o norte, mas antes de chegar até esse ponto ele descreve as demais colonizações através do contexto político e religioso e demográfico que, inclusive, como é bem sabido foi à mola propulsora para a colonização da América do Norte, cujas bases não foram apenas de exploração e, sim, de fixação onde primeiramente ensaiou-se a mão de obra branca e posteriormente à escrava, ao contrário da nossa que já começou com a mão de obra escrava indígena e, posteriormente, a africana, e no grande latifúndio de terras, cujos produtos extraídos eram destinados ao comércio europeu para bastar-lhes as necessidades e outras demandas. 

O livro não se resume apenas a essa teoria para explicar o Brasil, além dessa parte que engloba introdução e o sentido da colonização ainda tem o povoamento, aqui ele explica o processo de ocupação do litoral e posterior ocupação do sertão (interior), da composição racial, na terceira parte Vida Material ele discorre sobre a economia, agricultura, mineração, pecuária entre outros que é parte central do livro e termina com Vida Social onde fala-se da organização política e administrativa e da vida social e também é parte importante.

Formação do Brasil Contemporâneo é um obra clássica, mas não é mais suficiente para entender o Brasil, pois a explicação de Caio Prado Junior já não se sustenta, pois a colonização não é e nem nunca foi à explicação definitiva para os problemas que o Brasil enfrenta hoje e esse já é um assunto superado pela academia de história, mas de toda a forma o livro ainda é importante para algumas coisas que ele traz e que se encaixam ainda no estudo de história do Brasil e por marcar o início de uma historiografia brasileira que se distancia de uma visão errônea preconizada anteriormente que via o  Brasil dentro do espectro do feudalismo fato que nada tem haver. 



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