O Overkill teve a sua jornada nas
estrelas na década de 1980, realmente uma aventura prazerosa no mundo heavy
metal numa época que se respirava novidades. O novo clássico estava bem ali
diante dos olhos e ouvidos de um público ávido de fortes doses de emoção que
não pareciam ter fim. A Bay Area ditava as regras do thrash metal, o Metallica
nadava de braçada naqueles tempos e do forno veio, em 1986, Master of Puppets,
o disco que definia o que era o ser e fazer thrash metal. Outras bandas também
da Bay Area como o Testament, o Exodus também colocavam sua pedra na parede. Só
que os EUA é um país grande e de Nova York não tardou para vir o Anthrax e o
próprio Overkill que chegou na área em 1985 com Feel the Fire.
O primeiro álbum fez os adeptos
sentirem o calor do fogo, das chamas que saiam do quarteto e ajudaram a forjar
com esmero clássicos como Taking Over, o segundo álbum. Esse álbum colocou os nova-iorquinos
ao lado dos gigantes, mas numa posição menor que se mantém até hoje. Em 1989
lançaram o segundo clássico The Years of Decay, ou seja, cerraram de forma
brilhante as cortinas da década de 1980, que deixou para trás o maior legado do
heavy metal em todos os tempos. O começo da década de 1990 viu algumas mudanças
acontecerem, era a ressaca da década anterior e além disso veio a ascensão
meteórica do grunge que desbancou o heavy metal do seu posto, atirando-o no
underground.
Ainda assim bandas sobreviveram
outras se moldaram ao que estava acontecendo para poder sobreviver, mas não
outras não fizeram concessões e desapareceram enquanto outras apostaram no seu
altruísmo e tocaram o barco do jeito. Ao contrário do Metallica que em 1991
entrou de vez para o mainstream, o Slayer continuou cada vez mais sujo e
agressivo e demoníaco também. O Exodus acabou, outras como o Testament
começaram a mudar lentamente, as alemãs como o Sodom continuaram mais extremas
do que nunca, o Destruction sumiu, o Kreator começou a mudar a sua sonoridade resultando em Renewal, o Megadeth dava o seu último suspiro no thrash com o aclamado Rust in Peace (1990), mas o Overkill continuou fiel ao thrash metal.
Em 1991 veio o último suspiro de uma
fase brilhante com Horroscope, o disco manteve o thrash metal tradicional, as
letras cantadas tinham como tema história de terror e alguma aqui e acolá
tinham um apelo social. Outra fase começou para Bobby Blitz e D.D Verni em 1993
com o lançamento do sexto álbum, I Hear Black. Só que o álbum não percebeu bons
frutos, ou seja, percebeu uma saraivada de críticas negativas e caiu no
esquecimento. Ao contrário dos anteriores, I Hear Black pendeu para o heavy
metal, ou seja, não é exatamente um disco de thrash metal e sem contar as
experimentações utilizadas que seriam vistas mais para frente em álbuns como:
Killing Kind (1996), e de forma mais efetiva e já desenvolvidas em Necroshine
(1999), ou seja, o caras prepararam o terreno para o futuro.
O que se deve considerar na
sonoridade desse álbum é que a produção saiu mais polida, ou seja, ao contrário
da sujeira, da pancadaria e dos demais apetrechos que compõe as características
que definem o jeito Overkill de fazer sua música acabaram sendo limados, mas a
integridade não foi afetada. E analisando outro fator que considero tão
importante quando a sonoridade as letras, ela continuara no mesmo nível, mas
com mais profundidade, ou seja, mostram maturidade intelectual. Quando o disco
começa você já se impressiona com a produção e com o groove de “Dreaming in
Columbian”. Os vocais de Bobby Blitz continuam rasgados e possuídos fato verídico
que se constata em “I Hear Black” e além
disso tem o baixo de D.D Verni que fornece linhas pesadíssimas e a dupla de
guitarras capitaneadas por Merrit e Cannavino também contribui com linhas de
guitarra que transpiram energia conspirando para o êxito desta empreitada.
O que se em todo o disco é uma música
que de fato foi bem pensada e muito bem elaborada e um exemplo clássico é “World
of Hurt”, cuja letra é um acessório incrível junto a sonoridade e em especial a
bateria de Tim Malare que perfaz com D.D. Verni uma das cozinhas mais perfeitas
do thrash metal, ou seja, faria o Demolidor perceber que não estaria sozinho na
sua Hell’s Kitchen, em Nova York. As melodias são cativantes e se espalham no
ambiente de maneira bruta, impiedosa, ou seja, o som das guitarras é triturador
em “Feed my Head”. O peso das músicas sofreu o contraste da cadencia deixando
de lado ou em segundo plano as características thrash como constam Under the
Influence (1988) também, mas isso não faz diferença em “Shades of Grey” ou em “Spiritual
Void” ambas são demonstrações puras de heavy metal cujo som esmaga os miolos e
estourando os tímpanos.
O interlúdio que faz “Ghost Dance” funciona como um plus dando um charme extra para a sequência com a matadora“Weight the World” onde
mais uma vez o Overkill conseguiu tirar um ótimo som. “Ignorance and Innocence”
entra nas ondas do stoner, o som é obviamente pesado, mas aqui o negócio é voz
de Blitz que voa, passeia e detona nos refrões. “Undying” ensaia uma entrada no
thrash que fica com o outro pé no heavy metal, mas não é tão ameaçadora e também
nem por isso compromete é uma boa baixa. Fechando o expediente vem “Just Like
You” e os seus grooves e mais alguma experimentações bacanas fazendo justiça ao termo THRASH METAL NEVER DIES!
Lista de músicas
01 Dreaming in Columbian
02 I Hear Black
03 World of Hurt
04 Feed my Head
05 Shades of Grey
06 Spiritual Void
07 Ghost Dance
08 Weight of the World
09 Ignorance and Innocence
10 Undying
11 Just Like You
Nenhum comentário:
Postar um comentário