terça-feira, 6 de outubro de 2015

Na Vitrola: Overkill - I Hear Black (1993)


O Overkill teve a sua jornada nas estrelas na década de 1980, realmente uma aventura prazerosa no mundo heavy metal numa época que se respirava novidades. O novo clássico estava bem ali diante dos olhos e ouvidos de um público ávido de fortes doses de emoção que não pareciam ter fim. A Bay Area ditava as regras do thrash metal, o Metallica nadava de braçada naqueles tempos e do forno veio, em 1986, Master of Puppets, o disco que definia o que era o ser e fazer thrash metal. Outras bandas também da Bay Area como o Testament, o Exodus também colocavam sua pedra na parede. Só que os EUA é um país grande e de Nova York não tardou para vir o Anthrax e o próprio Overkill que chegou na área em 1985 com Feel the Fire.


O primeiro álbum fez os adeptos sentirem o calor do fogo, das chamas que saiam do quarteto e ajudaram a forjar com esmero clássicos como Taking Over, o segundo álbum. Esse álbum colocou os nova-iorquinos ao lado dos gigantes, mas numa posição menor que se mantém até hoje. Em 1989 lançaram o segundo clássico The Years of Decay, ou seja, cerraram de forma brilhante as cortinas da década de 1980, que deixou para trás o maior legado do heavy metal em todos os tempos. O começo da década de 1990 viu algumas mudanças acontecerem, era a ressaca da década anterior e além disso veio a ascensão meteórica do grunge que desbancou o heavy metal do seu posto, atirando-o no underground.

Ainda assim bandas sobreviveram outras se moldaram ao que estava acontecendo para poder sobreviver, mas não outras não fizeram concessões e desapareceram enquanto outras apostaram no seu altruísmo e tocaram o barco do jeito. Ao contrário do Metallica que em 1991 entrou de vez para o mainstream, o Slayer continuou cada vez mais sujo e agressivo e demoníaco também. O Exodus acabou, outras como o Testament começaram a mudar lentamente, as alemãs como o Sodom continuaram mais extremas do que nunca, o Destruction sumiu, o Kreator começou a mudar a sua sonoridade resultando em Renewal, o Megadeth dava o seu último suspiro no thrash com o aclamado Rust in Peace (1990), mas o Overkill continuou fiel ao thrash metal.

Em 1991 veio o último suspiro de uma fase brilhante com Horroscope, o disco manteve o thrash metal tradicional, as letras cantadas tinham como tema história de terror e alguma aqui e acolá tinham um apelo social. Outra fase começou para Bobby Blitz e D.D Verni em 1993 com o lançamento do sexto álbum, I Hear Black. Só que o álbum não percebeu bons frutos, ou seja, percebeu uma saraivada de críticas negativas e caiu no esquecimento. Ao contrário dos anteriores, I Hear Black pendeu para o heavy metal, ou seja, não é exatamente um disco de thrash metal e sem contar as experimentações utilizadas que seriam vistas mais para frente em álbuns como: Killing Kind (1996), e de forma mais efetiva e já desenvolvidas em Necroshine (1999), ou seja, o caras prepararam o terreno para o futuro.   

O que se deve considerar na sonoridade desse álbum é que a produção saiu mais polida, ou seja, ao contrário da sujeira, da pancadaria e dos demais apetrechos que compõe as características que definem o jeito Overkill de fazer sua música acabaram sendo limados, mas a integridade não foi afetada. E analisando outro fator que considero tão importante quando a sonoridade as letras, ela continuara no mesmo nível, mas com mais profundidade, ou seja, mostram maturidade intelectual. Quando o disco começa você já se impressiona com a produção e com o groove de “Dreaming in Columbian”. Os vocais de Bobby Blitz continuam rasgados e possuídos fato verídico que se constata em “I Hear Black”  e além disso tem o baixo de D.D Verni que fornece linhas pesadíssimas e a dupla de guitarras capitaneadas por Merrit e Cannavino também contribui com linhas de guitarra que transpiram energia conspirando para o êxito desta empreitada.

O que se em todo o disco é uma música que de fato foi bem pensada e muito bem elaborada e um exemplo clássico é “World of Hurt”, cuja letra é um acessório incrível junto a sonoridade e em especial a bateria de Tim Malare que perfaz com D.D. Verni uma das cozinhas mais perfeitas do thrash metal, ou seja, faria o Demolidor perceber que não estaria sozinho na sua Hell’s Kitchen, em Nova York. As melodias são cativantes e se espalham no ambiente de maneira bruta, impiedosa, ou seja, o som das guitarras é triturador em “Feed my Head”. O peso das músicas sofreu o contraste da cadencia deixando de lado ou em segundo plano as características thrash como constam Under the Influence (1988) também, mas isso não faz diferença em “Shades of Grey” ou em “Spiritual Void” ambas são demonstrações puras de heavy metal cujo som esmaga os miolos e estourando os tímpanos.

O interlúdio que faz “Ghost Dance” funciona como um plus dando um charme extra para a sequência com a matadora“Weight the World” onde mais uma vez o Overkill conseguiu tirar um ótimo som. “Ignorance and Innocence” entra nas ondas do stoner, o som é obviamente pesado, mas aqui o negócio é voz de Blitz que voa, passeia e detona nos refrões. “Undying” ensaia uma entrada no thrash que fica com o outro pé no heavy metal, mas não é tão ameaçadora e também nem por isso compromete é uma boa baixa. Fechando o expediente vem “Just Like You” e os seus grooves e mais alguma experimentações bacanas fazendo justiça ao termo THRASH METAL NEVER DIES!

Mal compreendido ou não a verdade é que I Hear Black é um êxito na carreira do Overkill, pois este disco preparou a banda para o restante da década onde a banda deslizou colecionando bons lançamentos que se seguem um a um até os dias de hoje e que os deixam na linha de frente do gênero conferindo-lhes o status de lendas, imortais. Agora cá entre nós. Se você não conhece a banda pode começar aqui mesmo e nem esquente a cabeça, por que um disco do Overkill mesmo que não seja ele um dos clássicos é um bom negócio porque é diversão garantida e se você sabe o que é um disco ruim vai entender o que estou falando.

Lista de músicas

01 Dreaming in Columbian
02 I Hear Black 
03 World of Hurt
04 Feed my Head
05 Shades of Grey 
06 Spiritual Void
07 Ghost Dance 
08 Weight of the World
09 Ignorance and Innocence 
10 Undying 
11 Just Like You  


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