A primeira vez
que eu o Anvil foi num filme, mas para ouvir demorou um bocado, porém antes
disto acontecer, a Roadie Crew fez um Background e nas parcas páginas pude conhecer
a banda e me interessar de fato. Tudo o que eu havia arrolado a minha memória
não passava de uma imagem de uma bigorna e quatro caras cabeludos olhando com
caras nada amistosas. Eu um dia encontrei uma versão chilena do Speed of Sound,
na Livraria Saraiva, em 2001. Peguei o disco na mão e fiquei olhando para
aquela capa azul cuja bigorna em formato de avião me seduzia e me fazia sonhar
alto. O preço apesar de não ser nada convidativo não foi um empecilho, eu
comprei no escuro como fazia alguns dez anos.
Eu nem sabia que
os caras eram canadenses, mas já sabia que os caras tinham lançado Metal on
Metal (1982) e Forged in Fire (1983), dois clássicos de nascimento! Também não
sabia que Steve Kudlow e Robb Reiner não faziam o mesmo sucesso que fizeram na
época áurea do grupo, eu apenas pensava que era que só não tinha sido lançada
por aqui, pois nessa altura o Brasil estava em todas e praticamente tudo saia
por aqui, menos esses caras! Quando ouvi o Speed of Sound, a primeira impressão
que ficou é que é um álbum feito por caras que são fãs de heavy metal, ou seja,
é metal cem por cento, a baixa afinação das guitarras, as distorções a maneira
como os solos e os riffs saiam pareciam uma avalanche ou uma cena do filme
tubarão quando o animal vem para pegar a vítima.
Rapidez, peso e
uma agressividade incomum e obviamente original por tudo o que os caras dizem
musicalmente falando e pelas letras bem humoradas das faixas. A faixa título é
uma porrada no ouvido e resume bem a nova fase do grupo e deixa para trás com
maestria álbuns espetaculares como o Absolutely no Alternative (1997) ou o
antecessor Plugged in Permanent (1996), que abre uma via para se entender o que
se ouve aqui. Por aqui você já começa a entender por mais que o Anvil tenha
ficado relegado ao underground, que os caras jamais pararam de tocar, gravar e
sempre mantiveram-se antenados no que estava rolando no cenário naquele
momento.
Em “Blood in the
Playground” o que marca é a bateria de Reiner, o cara é um monstro do
instrumento e é uma injustiça não coloca-lo no panteão. Glenn Five também fez
boas linhas aqui e as bases de Ivan Hurd também são excelentes. Deadbeat Dad é
uma ironia bacana sobre pensão alimentícia e a sonoridade pesada dada a essa
faixa alimenta ainda mais a atmosfera do enredo que envolve um assunto pessoal
de Lips. “Man Over Broad” e “No Evil” são daquelas para você ficar batendo
cabeça, porém a última já tem um andamento mais extremo e leva um tempero de
teclado que nada estraga só realça.
“Bullshit” é um
recado para os gostam de uma conversa fiada e só contam historinhas mentirosas
para enganar, trair os outros. Lips é
outro cara que manja do ofício de ser guitarrista e obviamente se for ver é injustiçado,
pois nunca se vê listas dos gigantes em que ele apareça. “Mattress Mambo”
retoma os momentos mais pesados como solos rasgados e riffs mais cadenciados. “Secret
Agent”, “Life to Lead” e “Park That Truck” são verdadeiras pedreiras, uma
avalanche sonora que exprime o que é o heavy metal. O Anvil encerrou o milênio
com chave de ouro ao lançar Speed of Sound, que funcionava como um recado para
a galera, pois os caras ainda estavam vivos e cheios de energia e com a sacola
repleta de novidades para mostrar.
Lista de músicas:
01 Speed of Sound
02 Blood in the Playground
03 Deadbeat Dad
04 Man Over Broad
05 No Evil
06 Bullshit
07 Mattress Mambo
08 Secret Agent
09 Life to Lead
10 Park That Truck
Nenhum comentário:
Postar um comentário