domingo, 4 de outubro de 2015

Na Vitrola: Anvil - Speed of Sound (1999)


A primeira vez que eu o Anvil foi num filme, mas para ouvir demorou um bocado, porém antes disto acontecer, a Roadie Crew fez um Background e nas parcas páginas pude conhecer a banda e me interessar de fato. Tudo o que eu havia arrolado a minha memória não passava de uma imagem de uma bigorna e quatro caras cabeludos olhando com caras nada amistosas. Eu um dia encontrei uma versão chilena do Speed of Sound, na Livraria Saraiva, em 2001. Peguei o disco na mão e fiquei olhando para aquela capa azul cuja bigorna em formato de avião me seduzia e me fazia sonhar alto. O preço apesar de não ser nada convidativo não foi um empecilho, eu comprei no escuro como fazia alguns dez anos.


Eu nem sabia que os caras eram canadenses, mas já sabia que os caras tinham lançado Metal on Metal (1982) e Forged in Fire (1983), dois clássicos de nascimento! Também não sabia que Steve Kudlow e Robb Reiner não faziam o mesmo sucesso que fizeram na época áurea do grupo, eu apenas pensava que era que só não tinha sido lançada por aqui, pois nessa altura o Brasil estava em todas e praticamente tudo saia por aqui, menos esses caras! Quando ouvi o Speed of Sound, a primeira impressão que ficou é que é um álbum feito por caras que são fãs de heavy metal, ou seja, é metal cem por cento, a baixa afinação das guitarras, as distorções a maneira como os solos e os riffs saiam pareciam uma avalanche ou uma cena do filme tubarão quando o animal vem para pegar a vítima.

Rapidez, peso e uma agressividade incomum e obviamente original por tudo o que os caras dizem musicalmente falando e pelas letras bem humoradas das faixas. A faixa título é uma porrada no ouvido e resume bem a nova fase do grupo e deixa para trás com maestria álbuns espetaculares como o Absolutely no Alternative (1997) ou o antecessor Plugged in Permanent (1996), que abre uma via para se entender o que se ouve aqui. Por aqui você já começa a entender por mais que o Anvil tenha ficado relegado ao underground, que os caras jamais pararam de tocar, gravar e sempre mantiveram-se antenados no que estava rolando no cenário naquele momento.

Em “Blood in the Playground” o que marca é a bateria de Reiner, o cara é um monstro do instrumento e é uma injustiça não coloca-lo no panteão. Glenn Five também fez boas linhas aqui e as bases de Ivan Hurd também são excelentes. Deadbeat Dad é uma ironia bacana sobre pensão alimentícia e a sonoridade pesada dada a essa faixa alimenta ainda mais a atmosfera do enredo que envolve um assunto pessoal de Lips. “Man Over Broad” e “No Evil” são daquelas para você ficar batendo cabeça, porém a última já tem um andamento mais extremo e leva um tempero de teclado que nada estraga só realça.

“Bullshit” é um recado para os gostam de uma conversa fiada e só contam historinhas mentirosas para enganar, trair os outros.  Lips é outro cara que manja do ofício de ser guitarrista e obviamente se for ver é injustiçado, pois nunca se vê listas dos gigantes em que ele apareça. “Mattress Mambo” retoma os momentos mais pesados como solos rasgados e riffs mais cadenciados. “Secret Agent”, “Life to Lead” e “Park That Truck” são verdadeiras pedreiras, uma avalanche sonora que exprime o que é o heavy metal. O Anvil encerrou o milênio com chave de ouro ao lançar Speed of Sound, que funcionava como um recado para a galera, pois os caras ainda estavam vivos e cheios de energia e com a sacola repleta de novidades para mostrar.   

Lista de músicas: 

01 Speed of Sound 
02 Blood in the Playground 
03 Deadbeat Dad 
04 Man Over Broad 
05 No Evil 
06 Bullshit 
07 Mattress Mambo 
08 Secret Agent 
09 Life to Lead 
10 Park That Truck 

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